quinta-feira, 14 de março de 2013

O PODER DE UM ELOGIO



 Já perdi a conta de quantas vezes eu me reuni com minhas amigas, amigos ou família e acabamos falando mal de alguém. Não necessariamente falando de alguém por trás, às vezes apenas nos divertíamos em apontar os defeitos engraçados de cada um, ou os nossos medos bobos. É natural, acho que é quase uma auto-defesa do ser humano apontar o lado ruim do outro. Mas e falar bem? E elogiar? E o ato de se dar conta que algo é bonito em alguém e falar pra esse alguém?

Às vezes sinto que esse tipo de coisa tem virado raridade. Você pode até fechar a cara, discordar de mim, enrugar a testa umas 2 ou 3 vezes, mas pense bem: é verdade. Tempo pra “meter o pau” a gente tem, pra fofocar, pra saber do último vexame daquela menina que não vai com sua cara. Mas quando é pra abrir a boca pra elogiar quem está perto, as pessoas tem poupado as palavras. Pra que, em?

Eu sinto isso principalmente com mulher. Amigas, inclusive. Vejo muitas garotas lindas, maravilhosamente vestidas, maquiadas, arrumadas e felizes, saírem juntas, sentarem juntas, se cumprimentarem, e não comentar nada com a outra. Algo como: “você ta linda!” ou “isso que você fez com seu cabelo te deixou mais bonita”. E não é por que elas não repararam, por que toda mulher repara. Mas é por que simplesmente não vai falar. Por orgulho? Inveja? Competitividade? Talvez.

Vou falar sobre mim agora. Quantas vezes eu me senti linda, eu sabia que estava bonita, entrava no carro, e nenhuma das meninas comentava nada. Ou até comentava, algo sobre a minha saia, ou o meu colar, ou o meu sapato que era maravilhoso. O elogio não é pra mim, são pras minhas coisas. E se bobear, são recheados de segundas intenções, por que muitas vezes dizer que uma roupa é linda é o novo código para “me empresta?”.

Quantas vezes também eu achei uma amiga minha linda, extremamente bonita numa determinada saída e me deixei não falar nada a respeito. Eu apenas achei que não era necessário, que ela já devia saber ou já deveria ter ouvido isso essa noite. Hoje em dia eu paro e penso: não, ela não deve ter ouvido tantas vezes isso naquela noite. E se tivesse, uma vez a mais é sempre melhor. Ela precisava saber o quanto estava bonita, o quanto parecia feliz, e como o seu sorriso estava atraindo os olhares dos garotos. Mas ninguém falou isso pra ela.

O resultado? Ficamos cada vez mais inseguras. A gente não tem esse habito de elogiar assim abertamente a todo instante. Sendo assim, nossas amigas sabem cada vez menos o quão boas elas são. Elas perdem de saber como elas cantam bem, cozinham bem, dançam bem, são inteligentes e engraçadas. Isso tudo por uma economia de elogios.

Eu demorei pra perceber o poder de um elogio. O elogio demonstra primeiramente a atenção, no reparar pra determinada qualidade. E em segundo lugar, ele traz a expressão, a confirmação da qualidade. Você está lá, falando em voz alta, “essa música fica linda na sua voz”. A melhor parte do elogio é o corar de bochechas de quem recebe. É aquela surpresa, a vergonha, o não saber o que dizer. Isso por si só já é o agradecimento. É praticamente um abraço de palavras.

Fica aqui um apelo: elogie mais. Não meça tanto suas palavras. Quando vir que alguém faz algo bem, diga a ele. Diga sorrindo. Isso muda o dia das pessoas, e pra melhor. Dá um trato na auto-estima, faz cóceguinhas no nosso ego. Os detalhes tem passado tão batidos, que ninguém fala deles. Por ser bonito, ninguém fala para algo bonito que assim o é. Parece que é óbvio, desnecessário de ser lembrado. Mas não é. É preciso sim celebrar as maravilhas do mundo com elogios, exaltá-las. Mas uma dica, quando for elogiar, elogie a pessoa. O mérito é dela, e não do que ela possui ou adquiriu. Coisas não precisam de elogio, pessoas sim.


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